Mensagem da
Provedora
Ao longo dos seus quatrocentos e sessenta anos de existência (7 de Outubro de 1560), a Misericórdia do Barreiro ancorou a sua área de intervenção prioritária no apoio solidário e fraterno aos segmentos mais fragilizados da comunidade. Sem qualquer tipo de distinção religiosa ou ideológica, esta Santa Casa representou sempre um porto de abrigo para todos os barreirenses que nos procuram em momentos de aflição e sofrimento, nunca sendo negado o pão ou o calor humano a quem deles mais necessita.
Mais do que um conjunto de mandamentos teóricos para tranquilizar as consciências inquietas, as catorze obras de misericórdia tomaram corpo na ação das mulheres e dos homens que, durante estes mais de quatro séculos de história da nossa instituição, estiveram ao serviço da causa maior da dignidade humana. Dar de comer a quem tem fome, assistir aos enfermos ou consolar os aflitos é um imperativo de consciência que nos vincula perante o desconcerto e as injustiças do mundo. Temos plena consciência de que não conseguimos chegar a todos os casos que nos procuram, mas nunca desistimos de continuar a alargar o âmbito do trabalho que desenvolvemos.
A Misericórdia do Barreiro é, neste momento, o maior empregador privado do concelho, com um número de trabalhadores superior a três centenas, assim como presta apoio diário a mais de seiscentos e cinquenta utentes distribuídos pelas suas diferentes respostas sociais. A Creche Rainha D. Leonor, o Centro de Acolhimento, a Unidade de Cuidados Continuados Provedor Júlio Freire, o Lar N. Sra. do Rosário, o Lar de São José, o Centro de Dia, o Serviço de Apoio Domiciliário e a Comunidade de Inserção constituem elementos primordiais de um universo onde o sentido de caridade e solidariedade nunca devem deixar de estar presentes.
Nas palavras sempre sábias do Papa Francisco, interessa-nos praticar “a solidariedade que obriga a olhar o outro” e a “a caridade que não seja um mero assistencialismo, mas antes um ato de amor”. Este é o desafio que, com humildade e sentido de discrição, os trabalhadores, os voluntários e os membros dos órgãos sociais desta Santa Casa entenderam abraçar, sobretudo nesta época conturbada em que nos coube viver e em que, mais do que nunca, faz sentido partilhar o sonho de um futuro justo com quem nos rodeia.
Sara de Oliveira